Africapitalismo: Capitalismo com Valores Africanos
Por África M. Arino
Publicado originalmente aqui
O Africapitalismo não é um jogo de palavras: é uma filosofia económica desenvolvida por Tony Elumelu, um empreendedor e filantropo visionário nigeriano. A sua filosofia representa o compromisso do sector privado com a transformação económica de África através investimento de longo prazo que gera prosperidade económica e valor social.
O Fundação Tony Elumelu promove esta filosofia através do Instituto Africapitalismo, um dos seus braços. Estes são os princípios do Africapitalismo:
- Empreendedorismo: Confira o impressionante programa da Fundação Tony Elumelu para fornecer capital inicial a 1.000 empreendedores africanos!
- Investimentos de longo prazo: Indústrias de extração não são suficientes para o desenvolvimento saudável do continente.
- Setores estratégicos: Investimentos em setores como agricultura, poder, assistência médica, e finança pode proporcionar um amplo valor económico e social, além de resultados financeiros.
- Dividendo de desenvolvimento: A forma como a atividade empresarial é desenvolvida necessita de proporcionar benefícios económicos e sociais às partes interessadas, e não apenas retornos financeiros aos acionistas.
- Crescimento de valor agregado: O valor local pode ser criado através de cadeias de abastecimento regionais mais longas, mais integradas e de maior valor.
- Conectividade regional: O desenvolvimento da economia nacional e transfronteiriça infraestrutura física, e a harmonização de políticas e práticas facilitará comércio e comércio intra-africano.
- Desenvolvimento multigeracional: A criação de valor precisa de considerar as gerações futuras — isto é solidariedade intergeracional!
- Propósito compartilhado. A criação de condições que capacitarão o sector privado africano para prosperar envolve actores que vão desde empresas a governos e à sociedade civil.
Estes princípios reflectem os valores africanos – mesmo que estes valores não sejam exclusivamente africanos. Em um entrevista com CNBC África, o diretor do Instituto, David Rice, fala sobre como o Instituto quer mudar a narrativa sobre África, passando da história de que 6 em cada 10 das economias com crescimento mais rápido estão em África, para a forma como essas economias estão a crescer. É um crescimento inclusivo e sustentável? Estão sendo criados empregos suficientes? Já é tempo de as empresas ocidentais reflectirem sobre a razão pela qual enfrentamos a profunda crise que começamos a ultrapassar. Os princípios do Africapitalismo nos dão o que pensar, não acham? Poderá a narrativa sobre o capitalismo ocidental também mudar?